Olá, gente.


Estar no planeta é ter um corpo. Se você pensar bem, nossos únicos e definitivos pertences neste mundo são nossos corpos. Eles geram nossas conexões mais íntimas com a Terra. Nossos lares absolutos...
Mas o corpo é também, em essência, o desejo da alma em se manifestar. Nossos cabelos, peles, ossos, olhares, tudo é expressão de nossos outros andares existenciais mais sutis. O corpo, assim, é a manifestação plena do outro mundo, é o eixo sensorial divino pulsando em nós.
A dança, como toda arte, é dom do espírito e faz essa fusão visceral entre consciência, corpo e alma. E aqui, no ABSOLUTA/dança, terceiro blog de nossa Série Temática, você vai poder perceber através de mais de 40 depoimentos de colaboradoras a força transformadora da dança.
Muitas mulheres que aqui escrevem foram estimuladas pela família e encontraram o caminho da dança precocemente, ainda na infância. Outras, nem tão raras, não estavam nem aí e um dia na vida se deparam, de repente, com alguma apresentação de uma dançarina... e seus alicerces vêm abaixo! Procuram uma escola de dança e redescobrem-se avassaladoramente enquanto fêmeas. Acordam do sono da matrix de suas personagens domésticas e encolhidas, e chamam seus ins
tintos selvagens, sua gana de alma.
Não é por menos que, em Sânscrito Tanha, dança significa "alegria da vida". Quem dança, sabe! Sabe bailando, suando em estado de graça, sentindo o peso dos ossos e a dor nos pés, mas ganhando asas e tocando no divino...


Para que você possa ganhar intimidade com este novo blog temático, segu
em algumas dicas. O espectro editorial começa com a seção Sensibilização, onde nossas focalizadoras apontam as facetas primordiais e antropológicas do movimento, da corporeidade e da dança em si. Você vai perceber já desde a primeira seção um olhar especial para a dança do ventre, essa vertente tão feminina e tão conectada à nossa ancestralidade profunda.
Em seguida, a editoria Abordagens alarga o foco e traz conteúdo de várias matizes, como tango, danças circulares, mandálicas, ritualísticas, tribais, de contato e improvisação, etc.
A seção seguinte de Vivências traz a voz e a força de cada uma, em depoimentos pessoais, desde jovens bailarinas e seus sonhos até contundentes alertas de experientes professoras gerados por suas vivências na área.
Inclua também uma boa na
vegada pelos oferecimentos de Produtos e Serviços no espaço de nossos parceiros e uma conferida no Alô do Editor para pegar o tom desta publicação e dicas de navegação.

Agradecemos o carinho, a disponibilidade e a paixão de todas as mulheres que construíram este espaço temático com a gente.
Pela linda imagem que ilustra o cabeçalho do ABSOLUTA/dança, fica também um agradecimento especial à Shakty Shala (Gleice Lemos Frioli), dançarina e professora de dança, clicada por Marcia Menocci.


Tá tudo aí, então.
Navegue, divirta-se, comente, compartilhe.
E volte, pois estaremos agregando permanentemente novos conteúdos e colaborações. Amanhã, o blog já é outro... :)


RICARDO MARTINS
Coordenação

Fotos: Kilma Farias, clicada por Altair Castro (topo); Shakty Shala (Gleice Lemos Frioli), em foto de Marcia Menocci (embaixo)




Deus é um criador como um dançarino: a dança e o dançarino são um. Se o dançarino pára, a dança pára.
OSHO






A viagem completa da alquimia pessoal







Do Editor




Você vai perceber, este espaço temático não é apenas sobre dança. Ele fala de perto sobre a reconexão das mulheres com sua força mais essencial e sobre a magia que habita uma chave fundamental para este reencontro e reempoderamento, que é, então, a dança.
Aí no ar, vários depoimentos pessoais em paralelo a orientações de experientes instrutoras dão conta desta poderosa ferramenta de alquimia existencial. Como seria natural, a Dança do Ventre ganha aqui uma atenção editorial especial pois ela se tornou um dos canais modernos de resgate do Feminino Essencial, sufocado por séculos de domínio patriarcal. De origem ritualística, praticada nos templos sagrados, em tempos antigos este gênero de dança chegou a auxiliar as mulheres na hora do parto, e isto nos dá uma idéia do tom desta força mágica...
E belamente, estranhamente, esta dança se ergue através de movimentos de quadris sinuosos e vigorosos, mas pode - e deve! - ser praticada também quando você está sozinha, em casa. Muitas pessoas não poderão alcançar a tradução mais sutil do que é esta vivência cósmica, dançar pra si coreografias sensuais e muito femininas, em seu sentido mais agudo, tal como é difícil também compreender quando mulheres falam que adoram varrer a casa ou que conversam com suas flores...



Pelos depoimentos do blog, você percebe também que muitas mulheres foram estimuladas pela família e precocemente encontraram o caminho da dança, ainda na infância. Outras, nem tão raras, não estavam nem um pouco ligadas e, um dia na vida, de repente, se deparam com alguma apresentação de uma dançarina por aí, e seus alicerces vêm abaixo. Procuram uma escola e redescobrem-se avassaladoramente enquanto fêmeas. Acordam do sono da matrix de suas personagens domésticas e encolhidas, e chamam seus instintos selvagens, sua gana de alma.
Mas nem todas que dançam encontram o verdadeiro e definitivo reempoderamento. Muitas vibram apenas na periferia do Ser, exarcebando suas matizes egóicas, e em algumas vezes servindo apenas aos valores doentes da nossa cultura - valores masculinos mas também femininos, todos distorcidos e desconectados da essência de alma. Por isso, a força mais verdadeira e mais atávica da dança mora na reconexão profunda com o sagrado feminino, com a força lunar e seus ciclos cósmicos, com o orgulho por menstruar, amamentar e parir... e por aí vai...
Menos do que isso, também é caminho, também é bom, mas esteja certa: não é a viagem completa da alquimia pessoal que a dança pode gerar, o eixo profundamente mágico e inexplicável que você acessa quando estiver suando em estado de graça, sentindo o peso dos ossos e a dor nos pés, mas ganhando asas e tocando no divino...





Fotos: www.sxc.hu e www.photoshoptalent.com




Alô do Editor







Um alô de boas-vindas...

Espaço do Editor pra comentar detalhes da Série Temática, em especial deste blog. Novidades, sutilezas, destaques, algum feedback, nuanças de bastidores, por aí...
http://absoluta-danca.blogspot.com/2009/03/um-alo-de-boas-vindas.html



A viagem completa da alquimia pessoal
Pela dança, mulheres acordam do sono da matrix de suas personagens domésticas e encolhidas, e chamam seus instintos selvagens, sua gana de alma.
Uma visão pessoal sobre o mundo da dança.
http://absoluta-danca.blogspot.com/2009/03/viagem-completa-da-alquimia-pessoal.html



Em comunicação física com a liberdade
A dança resume num idioma só a multilingüe comunicação da Criação. Dançando, você sabe, seu corpo e seu ser são o universo inteiro num mundo mágico que se cria em você. Você sente o peso dos ossos mas também, a partir deles, vem a transcendência e a liberdade que lhe fazem acessar sua natureza como alma alada que é.
Publico alguns trechos interessantes sobre a essência da dança, quando li, gostei e guardei, e sei que você vai gostar também.
http://absoluta-danca.blogspot.com/2009/03/em-comunicacao-fisica-com-liberdade.html





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Sensibilização










Mover-se dançando em direção à vida!!!
Criança corre, se atira no chão, planta bananeira. Adultos acham bonitinho mas não se permitem mais a essa mesma alegria. Estamos meio mortos mas Rute Rodrigues, psicóloga e focalizadora de biodanza, nos chama pra vida, contando que dançar é readquirir intimidade corporal, e esta é a grande chave mágica do movimento.
http://absoluta-danca.blogspot.com/2009/03/mover-se-dancando-em-direcao-vida.html

Dançar é humano
A dançarina de tango, Ana Karina Paz, faz pesquisas antropológicas sobre danças e redigiu especialmente para o público do Absoluta um interessante estudo sobre as percepções humanas a respeito da corporalidade e de uma espécie de mundo sagrado que é criado na dança. O dançarino é retirado de si mesmo, de modo a tecer um círculo mágico e se tornar uno com aquele mundo.
http://absoluta-danca.blogspot.com/2009/03/dancar-e-humano.html

Dança do ventre e inconsciente coletivo
Para avivar noções importantes sobre o Feminino Essencial, Andrea Castro - psicóloga, bailarina e professora de dança do ventre - traz aqui um cuidadoso retrato sobre a formação do inconsciente coletivo em relação à dança. E, de quebra, nos conta o que percebe em suas alunas hoje. Muito interessante tudo isso!
http://absoluta-danca.blogspot.com/2009/03/danca-do-ventre-e-inconsciente-coletivo.html

A dança nos desnuda e abre ao mundo

Por séculos, o Feminino carregou em seus quadris o peso de repressões e culpas, mutilando e esquecendo sua verdade. Mas o reencontro com sua força mais essencial é um chamado que se aproxima crescentemente da mulher moderna, e um dos meios mais eficientes e agradáveis dessa transição é a dança, como explica a dançarina e professora Shakty Shala.
http://absoluta-danca.blogspot.com/2009/03/danca-nos-desnuda-e-abre-ao-mundo.html

Dançar é ter asas! Mas... falsas?
Este é um recado às instrutoras de dança. Tem a ver com a importância do aperfeiçoamento constante e com a necessidade de abertura a outras dvertentes. Estudando há 15 anos e dando aulas há uma década, Melissa Assumpção Viera, instrutora de dança cigana, bailarina, coreógrafa e pesquisadora da cultura cigana, faz este contundente chamado pela renovação e abertura.
http://absoluta-danca.blogspot.com/2009/03/dancar-e-ter-asas-mas-falsas.html

Dançar conectada é estar em casa
Dançar só, apenas você e mais ninguém, é muito especial! Distante das platéias e dos olhares, quando você se permite deixar de pensar em técnica, quando se esvazia e não pensa em absolutamente nada, então você flui e passa a dançar conectada com o cosmo. Carla Lampert, focalizadora, bailarina e professora de dança do ventre com ênfase no Feminino Sagrado, nos fala a respeito.
http://absoluta-danca.blogspot.com/2009/03/dancar-conectada-e-estar-em-casa.html

Das cólicas à alma: os benefícios da dança
Na vida moderna, os ciclos naturais femininos como menstruação e menopausa funcionam como se fossem "problemas" para muitas mulheres. A professora Grazi Shazadi mostra como a dança do ventre auxilia diretamente a auto-aceitação e a vida sexual feminina, atuando em mão contrária a essa problematização tão comum nos dias de hoje.
http://absoluta-danca.blogspot.com/2009/03/das-colicas-alma-os-beneficios-da-danca.html

O rico simbolismo da dança do ventre
A simbologia conectada à espiritualidade é riquíssima, fazendo links também com elementos da natureza e do corpo, inclusive chakras. Em geral, o público não conhece detalhes, que agora seguem aí nesse apanhado confeccionado pela bailarina e terapeuta corporal Simone Alves.
http://absoluta-danca.blogspot.com/2009/03/o-rico-simbolismo-da-danca-do-ventre.html

A influência da dança na imagem corporal
A postura corporal depende muito da auto-imagem que fazemos de nós mesmas, como mostra Brysa Mahaila, professora de dança do ventre.
http://absoluta-danca.blogspot.com/2009/03/influencia-da-danca-na-imagem-corporal.html




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Abordagens






Contato Improvisação: um diálogo em dança
Vertente que investiga os corpos em contato físico com relação às forças da natureza, como a gravidade e a inércia, improvisando movimentos uns com os outros, esta dança acontece por si e propõe que qualquer corpo possa dançar. Quem nos fala de Contato é Fernanda Carvalho Leite, bailarina e atriz, apaixonada por este trabalho.
http://absoluta-danca.blogspot.com/2009/03/contato-improvisacao-um-dialogo-em.html


Dança do Ventre, suas origens e a realidade atual
Cinara Klein, bailarina e professora de dança do ventre, faz um histórico das origens e da migração para o Ocidente, e também nos situa a respeito da realidade brasileira atual, destacando dificuldades mas também renovações, como espetáculos com temática de defesa do meio-ambiente.
http://absoluta-danca.blogspot.com/2009/03/danca-do-ventre-suas-origens-e.html


Tango: nos braços de Eros
Passeando da melancolia à firmeza, o tango sempre é passional e sensual. Somando-se ao gestual coreográfico expressivo, as letras falam de amor, solidão, paixão, encontros, desencontros... Alexandre Becker e Ana Karina Paz, da dupla "Simplemente Tango", nos contam sobre a famosa conexão tango e sensualidade...
http://absoluta-danca.blogspot.com/2009/03/tango-nos-bracos-de-eros.html

Em tempos de Caminho das Índias...

Muitas mulheres começam a fazer aulas de dança por impulso mas, depois que a moda acaba, o interesse também vai junto, segundo Carol Magri, professora de Dança Moderna Indiana e bailarina profissional. Ela traz importantes dicas para quem se interessou meeesmo pela Dança Indiana.
http://absoluta-danca.blogspot.com/2009/04/em-tempos-de-caminho-das-indias.html


Danças Circulares Sagradas: consciência em roda
Divertida mas sagrada, esta interessante modalidade baseia-se no círculo que traz a sensação de acolhimento e pertencimento. As coreografias são passadas na hora, os praticantes seguem o focalizador, e os movimentos simbolizam o cotidiano. Quem nos dá os detalhes é Patricia Preiss, experiente focalizadora de Danças Circulares.
http://absoluta-danca.blogspot.com/2009/03/dancas-circulares-sagradas-consciencia.html

Dança tribal, fusão, mutação, evolução...
Fenômeno irradiante mundial, a dança tribal reúne as influências de várias vertentes étnicas, artísticas ou ritualísticas. A bailarina Daiane Ribeiro afirma que o estilo funciona como ponto de mutação da dança do ventre, dissolvendo e transcendendo seu aspecto caracterizadamente sensual e provocativo, e absorvendo muito mais o artístico, o profissional, o espiritual e o emocional.
http://absoluta-danca.blogspot.com/2009/03/danca-tribal-fusao-mutacao-evolucao.html

Mandala de Tara: dançando por um mês o sentido de humanidade
Fundamentada em práticas tradicionais tibetanas, esta dança funciona como meditação em movimento. Os praticantes formam uma mandala viva e dançam um conjunto de ciclos que dura um mês. Quem nos fala a respeito é a bailarina Myriângela Naves, de Brasília, especializada em Mandala de Tara, Danças Circulares do Mundo e Danças da Paz.
http://absoluta-danca.blogspot.com/2009/03/mandala-de-tara-dancando-por-um-mes-o.html

Dança ritual: devoção, festa e cura
Os povos antigos perceberam que, se a partir de um único corpo saíam ondas de energias circulares, então dançar no conjunto uníssono de corpos abriria possibilidades ainda maiores de conexão com as forças da natureza. Dançar nesta e noutra realidade. Dançar assim é a magia das danças rituais, conforme relata a focalizadora Sabrina Alves.
http://absoluta-danca.blogspot.com/2009/03/danca-ritual-devocao-festa-e-cura.html

Por quê dançar?
Criado nos anos 50 sob forte influência junguiana, "Movimento Autêntico" é uma técnica que centra foco total no movimento dos corpos como ferramenta de conhecimento e descoberta. Através de uma dupla - o que se move e o que testemunha -, a união de corpo, movimento e significado é vivenciada por ambos, cada um dentro de sua subjetividade. A pesquisadora Mariana Aurélio fala dessa dança que dilui espaços ilusórios entre o outro e o eu, o ver e ser visto.
http://absoluta-danca.blogspot.com/2009/03/por-que-dancar.html

Ballet, profissão curta, ensino longo
Ballet clássico exige longos preparativos para decorar a coreografia e traz calejamento nos dedos dos pés, dores no corpo e, às vezes, até algumas lesões mais sérias.
Convidamos Nathália Lisiê, bailarina de clássico, jazz e contemporâneo, a contar um pouco sobre os bastidores e facetas bem reais deste mundo delicado porém complexo que é o ballet.
http://absoluta-danca.blogspot.com/2009/03/ballet-profissao-curta-ensino-longo.html

Bollywood Dance: clássico indiano em fusão com o contemporâneo
Cinema e dança se misturam, o clássico e o moderno em fusão, essa é a nova febre. Surgiu da famosa indústria cinematográfica indiana e acabou por se tornar um estilo de dança. Quem dá os detalhes é Mahaila Diluzz, bailarina, coreógrafa e professora de Dança do Ventre.
http://absoluta-danca.blogspot.com/2009/03/bollywood-dance-classico-indiano-em.html



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Em comunicação física com a liberdade... (pensamentos)






A dança resume num idioma só a multilingüe comunicação da Criação. Dançando, você sabe, seu corpo e seu ser são o universo inteiro num mundo mágico que se cria em você. Você sente o peso dos ossos mas também, a partir deles, vem a transcendência e a liberdade que lhe fazem acessar sua natureza como alma alada que é. Publico alguns trechos interessantes sobre a essência da dança, quando li, gostei e guardei, e sei que você vai gostar também.

RICARDO MARTINS
Editor






O corpo é um ser multilíngue. Ele fala através da cor e da temperatura, do rubor do reconhecimento, do brilho do amor, das cinzas da dor, do calor da excitação, da frieza da falta de convicção. Ele fala através do seu bailado ínfimo e constante, às vezes oscilante, às vezes agitado, às vezes trêmulo. Ele fala com o salto do coração, a queda do ânimo, o vazio no centro e com a esperança que cresce.
O corpo se lembra, os ossos se lembram, as articulações se lembram. Até mesmo o dedo mínimo se lembra. A memória se aloja em imagens e sensações nas próprias células. Como uma esponja cheia de água, em qualquer lugar que a carne seja presssionada, torcida ou até mesmo tocada com leveza, pode jorrar dali uma recordação.
O corpo é um registro vivo de vida transmitida, de vida levada, de esperança de vida e de cura. Seu valor está na capacidade expressiva para registrar reações imediatas, para ter sentimentos profundos, para sentir.
Limitar a beleza e o valor do corpo a qualquer coisa inferior a essa magnificência é forçar o corpo a viver sem seu espírito de direito, sem sua forma legítima, seu direito ao regozijo.
Clarissa Pinkola Estes


O mundo é o esplendor de Deus, um florescimento. Ele tem tanto... O que fazer com isso? Ele compartilha, ele coloca para fora, ele começa a expandir-se, ele começa a criar. Mas lembre-se sempre: ele não é um criador como um pintor que pinta. O pintor está separado da pintura. Se o pintor morrer, a pintura ainda viverá. Deus é um criador como um dançarino: a dança e o dançarino são um. Se o dançarino pára, a dança pára. Quando o dançarino está dançando, ela está ali; quando o dançarino pára, ela desaparece como se nunca tivesse existido.
Osho


De início, a dança é a imagem do jogo rítmico, fonte de todo o movimento do ser; em seguida, libera o homem ilimitado da ilusão de ser um indivíduo aprisionado nas fronteiras de sua pele: seu corpo e seu ser são o universo inteiro; finalmente, o “lugar” da dança, o centro do universo, está no coração de todos os homens.
Ananda Coomaraswamy



Devemos considerar como perdido todo o dia que não tivermos dançado pelo menos uma vez.
Nietzsche


A liberdade ofende. Mulher de olhos brilhantes, é inimiga declarada da escola, do matrimônio, da dança clássica e de tudo que aprisione o vento.
Ela dança porque dançando goza, dança o que quer, quando quer e como quer.
E as orquestras se calam frente à música que nasce de seu corpo.
Galeano


Na vida, como na dança, a graça desliza sob pés machucados.
Martha Graham


Dançar é lutar contra tudo que retém, tudo que sepulta, pesa e agoniza.
É entrar em comunicação física com a liberdade.
É descobrir com o corpo a essência da vida.
Dançar é praticar a arte sagrada.
Jean Louis Barrault


Eu louvo a dança, pois ela liberta o ser humano do peso das coisas - une o solitário à comunidade. Eu louvo a dança, que tudo pede e tudo promove; saúde, mente clara e uma alma alada. Dança é a transformação do espaço, do tempo e do ser humano, este constantemente em perigo de fragmentar-se, tornando-se somente cérebro, vontade ou sofrimento. A dança, ao contrário, pede o homem inteiro, ancorado no seu centro. A dança pede o homem liberto, vibrando em equilíbrio com todas as forças! Eu louvo a dança! Ser humano, aprenda a dançar! Senão os anjos do céu não saberão o que fazer de você.
Santo Agostinho


Um dia, veio à corte do Príncipe de Birkasha, uma dançarina e seus músicos. ...e ela foi aceita na corte...e ela dançou a música da flauta, da cítara e do alaúde.
Ela dançou a dança das chamas e do fogo, a dança das espadas e das lanças; e ela dançou a dança das flores ao vento.
Ao terminar, virou-se para o príncipe e fez uma reverência. Ele então, pediu-lhe que viesse mais perto e perguntou-lhe: 'Linda mulher, filha da graça e do encantamento, de onde vem tua arte e como é que comandas todos os elementos em seus ritmos e versos?'
A dançarina aproximou-se, e curvando-se diante do príncipe disse: 'Majestade, respostas eu não tenho às vossas perguntas. Somente isso eu sei: a alma do filósofo vive em sua cabeça, a alma do poeta vive em seu coração, a alma do cantor vive em sua garganta, mas a alma da dançarina habita em todo o seu corpo.
Khalil Gibran
Fotos: Getty Images (topo) e Nathália Lisiê, bailarina de clássico, jazz e contemporâneo (embaixo)

Vivências





Sua dança é sua, não do outro

Shakty Shala, professora e dançarina, dedicada há 25 anos ao meio, faz um contundente alerta quanto à crescente comercialização e banalização da dança. E deixa um importante chamamento às dançarinas desiludidas. É isso aí! Acompanhem de perto este recado.
http://absoluta-danca.blogspot.com/2009/03/sua-danca-e-sua-nao-do-outro.html

Dança, sexualidade, maternidade e o feminino ancestral
Na sua origem, a dança do ventre era vivenciada como ato sagrado e servia também como ferramenta de suporte na hora do parto. Carla Lampert, focalizadora, bailarina e professora de dança do ventre, revela como sua gravidez foi bem trabalhada graças às suas vivências... dançando!
http://absoluta-danca.blogspot.com/2009/03/danca-sexualidade-maternidade-e-o.html

Muito além do requebrar de quadris

Dançarinas com minúsculos biquinis e rostos vendados são ferramentas corriqueiras de marketing no país da famosa dança da garrafa. Tudo pela audiência! É o alerta da bailarina, professora e coreógrafa Nancy Ribeiro.
http://absoluta-danca.blogspot.com/2009/03/muito-alem-do-requebrar-de-quadris.html

Uma linha reta nas curvas da beleza
A bailarina e professora de dança do ventre Kilma Farias sinaliza como a beleza é mesmo muito relativa, e de como as mulheres "crescem" em encanto, expressão e poder quando dançam em público. Inclusive aquelas acima do peso... E nos fala também dos comentários surpresos em seu camarim...
http://absoluta-danca.blogspot.com/2009/03/uma-linha-reta-nas-curvas-da-beleza.html

"Ando tendo um caso com a minha sensualidade"
A bióloga Carol Paiva anda se puxando no estudo das deusas e percebe os reflexos em sua dança. Confirma o que lhe disseram: a dança muda de dentro pra fora, o corpo apenas reflete o que está acontecendo por dentro...
http://absoluta-danca.blogspot.com/2009/03/ando-tendo-um-caso-com-minha.html

Cada idade tem sua paixão e magia
Elas são mulheres de mais de 50 anos, não são ciganas de sangue, mas movidas pela necessidade de exercícios físicos descobriram a dança cigana e se apaixonaram. Criaram um grupo para apresentações e hoje dançam sob agenda cheia.
http://absoluta-danca.blogspot.com/2009/03/cada-idade-tem-sua-paixao-e-magia.html

Do "isto não é para mim" à plenitude
Na primeira vez em que viu uma apresentação de dança do ventre, Rose Busko, 48 anos, pensou: "Isto não é para mim." Pois agora ela está dançando com um grupo de amigas em plena maturidade, lindas, felizes. E convida: dancem! Dancem muito!
http://absoluta-danca.blogspot.com/2009/03/do-isto-nao-e-para-mim-plenitude.html

(Des)Afiando a espada
As performances com espada são sempre impressionantes na dança. Além de exigir completo domínio da técnica, essa vertente mistura de forma muito especial as forças yin e yang: o simbolismo masculino de uma arma e os movimentos vigorosos cruzam pela graciosidade da sensualidade feminina, criando uma alquimia final bela e sutil, como conta Kilma Farias, bailarina e professora de dança do ventre.
http://absoluta-danca.blogspot.com/2009/03/desafiando-espada.html

Do consultório direto pra dança
A partir de processos pessoais, a Dra. Suzete D'amico, Psicóloga Clínica e Psicanalista, aos poucos uniu a dança às técnicas de psicoterapia convencional e passou a trabalhar numa faixa especial. As pacientes adoram a fusão...
http://absoluta-danca.blogspot.com/2009/03/do-consultorio-direto-pra-danca.html

O parto de uma marca própria
Fascinada por Dança Ritualística, a instrutora e coreógrafa Shanasis Raquel cedo na vida mergulhou em Dança Cigana, Medieval Celta e Dança do Ventre. Dessa mistura, em fusão também com sua formação como terapeuta holística, criou uma técnica própria unindo diversas fontes ritualísticas e terapêuticas.
http://absoluta-danca.blogspot.com/2009/03/o-parto-de-uma-marca-propria.html

“Não comecei cedo mas parece que nasci ouvindo música árabe”
Com um retrato detalhado de seu dia-a-dia, Sahira Ma Ajniha, professora e bailarina de dança do ventre, nos mostra como a profissão a ajudou de modo especial em seus processos como mãe, esposa, amiga, mulher e profissional.
http://absoluta-danca.blogspot.com/2009/03/nao-comecei-cedo-mas-parece-que-nasci.html

A Dança Sagrada Feminina em minha vida
Sedução e brilho não são premissas mas resultado do processo do despertar da Deusa-bailarina interior de cada praticante. Este é o foco de Patricia Fox, que relata como foi sua aproximação com a dança e como criou uma dinâmica onde, através de apresentações, consegue levar a espiritualidade feminina onde a linguagem da dança facilita o entendimento do sagrado.
http://absoluta-danca.blogspot.com/2009/03/danca-sagrada-feminina-em-minha-vida.html

Sonhos e vôos de uma jovem bailarina

Nathália Lisiê, integrante do Corpo-de-baile de Valinhos/SP, compartilha conosco alguns de seus escritos.... registros de insights e vivências que movem seus sonhos desde menina...
http://absoluta-danca.blogspot.com/2009/03/sonhos-e-voos-de-uma-jovem-bailarina.html

A gana da cigana...
Quando dança, essa cigana chama a gana de alma e se encontra com seus deuses. Iniciadora da Dança Cigana no sul, Perla nos conta o que a dança faz em seu espírito e compartilha com a gente poemas que tem feito vida afora.
http://absoluta-danca.blogspot.com/2009/03/gana-da-cigana_1689.html

A experiência que toda mulher merece viver
Dançar é alcançar a liberdade que nunca havíamos experimentado. A bailarina e professora Sissi Mahira não fala de técnicas mas emoções. Inclusive a de querer estar sempre arrumada e maquiada, e a de conviver bem com defeitos que antes muito incomodavam.
http://absoluta-danca.blogspot.com/2009/03/experiencia-que-toda-mulher-merece.html

Garota multidança: a vibrante raiz da versátil arte-educadora
Da malandragem do Hip Hop à sutileza terapêutica da Biodança, Márcia Cristina Menezes ensina várias vertentes. Suas vivências na dança começaram cedíssimo, aos 4 anos, com piruetas pela casa e paradas performáticas.
http://absoluta-danca.blogspot.com/2009/03/garota-multidanca-vibrante-raiz-da.html

Mudar, Mudança... Mudar a Dança
A terapeuta Claudia Godoy nos convida a mudar o ritmo, acordar para o aqui e o agora... Ouçamos nossa música interna, nosso compasso, nosso bater... Busquemos no mais profundo de nossos abismos, se for necessário...
http://absoluta-danca.blogspot.com/2009/03/mudar-mudanca-mudar-danca.html

Cada uma com sua história...
Casos e casos. Depoimentos curtos contam como as mulheres se relacionam com a dança e como, através dela, se transformam enquanto criaturas.
http://absoluta-danca.blogspot.com/2009/03/cada-uma-com-sua-historia.html

Diversidade: todo estilo é lindo desde que dançado com ‘’verdade’’

Na prática, cada bailarina é apaixonada pela linha que segue mas o que conta mesmo não é o estilo, mas é o motivo dele, afirma a bailarina e professora Márcia Oliveira (Hannyah), que faz um chamado pela importância da diversidade.

http://absoluta-danca.blogspot.com/2010/02/diversidade-todo-estilo-e-lindo-desde.html

Uma brasileira que fez sucesso nos países árabes
Pode parecer estranho mas uma brasileira pode fazer sucesso com Dança do Ventre dentro dos países árabes. É o que conta a bellydancer Priscila Fontoura.
http://absoluta-danca.blogspot.com/2010/07/uma-brasileira-que-fez-sucesso-nos.html



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Um alô de boas-vindas...




Oi, oi, oi !! Abrimos esta seção aqui para poder dar um alô mais direto, comentando detalhes da Série Temática, em especial deste blog. Novidades, sutilezas, destaques, algum feedback, nuanças de bastidores, por aí...



Sinta as abordagens... Para que você possa ganhar intimidade com este novo blog temático, seguem algumas dicas. O espectro editorial começa com a seção Sensibilização, onde nossas focalizadoras apontam as facetas primordiais e antropológicas do movimento, da corporeidade e da dança em si. Você vai perceber já desde a primeira seção um olhar especial para a dança do ventre, essa vertente tão feminina e tão conectada à nossa ancestralidade profunda.
Em seguida, a editoria Abordagens alarga o foco e traz conteúdo de várias matizes, como tango, danças circulares, mandálicas, ritualísticas, tribais, de contato e improvisação, etc.
A seção seguinte de Vivências traz a voz e a força de cada uma, em depoimentos pessoais, desde jovens bailarinas e seus sonhos até contundentes alertas de experientes professoras gerados por suas vivências na área.
Inclua também uma boa na
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RICARDO MARTINS

Editor

Uma linha reta nas curvas da beleza

Através de suas vivências como bailarina e professora de dança do ventre, Kilma Farias nos fala de como a beleza é mesmo muito relativa, e de como as mulheres "crescem" em encanto, expressão e poder quando dançam em público. Inclusive aquelas acima do peso... E nos fala também dos comentários surpresos em seu camarim...

Para o leigo, beleza é pura questão de gosto. Mas saibam, há nesta questão um profundo estudo do que acontece na nossa mente quando percebemos algo e o qualificamos como belo ou feio.
Para mim, que trabalho com dança do ventre há nove anos, comprovo cada vez mais que a beleza está extremamente ligada a estética e significado.
Podemos entender estética como equilíbrio.
Na dança do ventre, o equilíbrio entre o suave e o forte, entre a ondulação e o tremido, entre a alegria e o sofrimento, prazer e angústia, enfim, o equilíbrio entre o trabalho constante dos opostos.
E, dessa forma, a bailarina que todos aclamam como linda, maravilhosa, estonteante, nem sempre é bonita fisicamente, dentro do padrão estético que os meios de comunicação exploram.

Cansei de ter alunas lindas, verdadeiras bonecas que não tinham a menor graça dançando, e outras que de tão exageradas se tornavam feias. Ao passo que outras não tão bonitas e muitas vezes acima do peso, davam show de encanto e beleza quando estavam dançan
do.

Quem trabalha com dança sabe do que estou falando, da presença, da emoção transmitida, da transmutação, do significado daquela dança que a bailarina nos traz.
Esse equilíbrio não é algo que se ensine facilmente, ele vem com o tempo, com a vivência, com o despertar do sentir para poder transmitir equilibradamente uma emoção. Isso é arte! Seja na dança, na pintura, na fotografia, na literatura, na música ou em qualquer outra forma de expressão artística.
Se você entendeu o que escrevi até agora então vai ser fácil acompanhar esta linha de raciocínio. Pela psicologia experimental, há quatro categorias de beleza. A primeira diz respeito ao próprio objeto contemplado, no nosso caso, à bailarina, sua simetria física, elegância, clareza, coerência, equilíbrio, unidade e adequação.
A segunda categoria é quando você se identifica com a bailarina, há uma familiaridade, confiança, empatia, pois quando nos identificamos com algo projetamos nossos pensamentos e emoções e o sucesso é garantido. Diz-se que a bailarina conquista a platéia; e isso independe de beleza física!
Na terceira categoria, os critérios para que a bailarina seja qualificada como bela será o estímulo, a novidade que ela traz, irreverência, criatividade. É belo sentir-se criativo, novo, como também é belo ver coisas novas através do outro.
E a quarta categoria é a chamada estética elementar, corresponde à concepção de beleza como experiência sensorial e sensação de prazer. Ver a bailarina dançar me dá prazer ou não, vai depender da idéia que eu tenho pré-estabelecida de que uma bailarina de dança do ventre seja algo belo ou não. A beleza está também na percepção de quem vê. Avaliando por esta categoria, poderia ser a mulher mais linda do mundo, dançando da forma mais equilibrada possível, com uma dança rica e cheia de emoção que o seu observador não iria achar bonito, se antes ele tivesse pré-estabelecido em sua mente que uma bailarina de dança do ventre é brega, é ridícula, enfim. Dá pra perceber as diferentes formas de conceber a beleza? Então, acho que agora ficou até mais fácil de ficar mais bonita, hein!?
Eu sou uma bailarina de estatura baixa (1,55m), não obedeço ao padrão estético da mídia. Detesto padrões, estereótipos; concordo que toda unanimidade é burra, procuro sempre inovar, transformar, adequar à minha verdade cada conhecimento adquirido. E nessa caminhada perdi as contas de quantas vezes nos camarins recebi os cumprimentos de pessoas que não acreditavam se tratar da mesma pessoa que há minutos atrás estava no palco. - Mas você era um mulherão! - comentam abismados. Penso eu: que maravilha! Cumpri minha missão de transmitir beleza.
Que bonito, hein!?

KILMA FARIAS
Jornalista, bailarina e professora de dança do ventre
http://www.kilmafarias.com.br/
kilmita@gmail.com

JOÃO PESSOA/PA

Fotos: Arquivo pessoal



O rico simbolismo da dança do ventre

Algumas danças modernas são reflexos de fontes orientais muito antigas. No caso da dança do ventre, a simbologia conectada à espiritualidade é riquíssima, fazendo links também com elementos da natureza e do corpo, inclusive chakras. Em geral, o público não conhece detalhes, que agora seguem aí nesse apanhado confeccionado pela bailarina e terapeuta corporal Simone Alves.

A dança está presente em muitos rituais e, através dela, flui uma energia poderosíssima que mexe com nosso físico, mental e espiritual. A dança cria energia e faz parte do gestual mágico, sendo que os movimentos repletos de significado são, por vezes, mais poderosos do que as palavras. Já, a dança do ventre prepara as mulheres para serem sacerdotisas, como era no princípio, é o resgate da feminilidade reprimida por séculos, despertando a Deusa Interior de cada mulher.
Os ensinamentos têm como base a visão de nosso corpo em quatro partes distintas, correspondendo a cada uma delas movimentos específicos, sendo:

Terra: dos pés aos quadris;
Água: dos quadris aos ombros;
Ar: dos ombros ao chakra coronário;
Fogo: em volta de todo o corpo (energia criadora).

Seguindo esta visão, os movimentos são ensinados para que a praticante possa se manter em equilíbrio energético absoluto, o que evita mudanças de humor e doenças, entre outros benefícios mais sutis. A sua prática é capaz de superar bloqueios emocionais e corporais, revigorar a sexualidade e fortalecer a auto-estima. Já consciente destes elementos, a praticante se vê como parte do Universo, integrando-se ao Cosmo como um "planeta gerador de vida", interagindo em perfeita harmonia.
Seguem algumas simbologias mais conhecidas:

Dança com 7 véus
Cada véu corresponde a um grau de iniciação e revelamos os sete degraus de ascensão espiritual. Os véus também estão associados aos sete chakras corporais, às sete cores do arco-íris e às sete notas musicais. A retirada de cada véu representa a exaltação da qualidade pessoal da bailarina e a dissolução dos aspectos negativos da mesma.
Cores correspondentes:
* Vermelho - Chakra básico
* Laranja - Chakra esplênico
* Amarelo - Chakra plexo solar
* Verde - Chakra cardíaco
* Azul - Chakra laríngeo
* Índigo - Chakra frontal
* Violeta - Chakra coronário
Não se sabe ao certo sua origem. Sabe-se que o uso do véu existe anteriormente ao islamismo, mesmo entre mulheres do império bizantino e persa seu uso era comum cobrindo o rosto.
O véu na dança é pouco utilizado pelas bailarinas orientais. Já no ocidente, a dança é muito apreciada e vem sendo constantemente aprimorada e enriquecida. Temos hoje em dia véus lindos, pintados artesanalmente em tecidos como a seda que causam impactos e lindos efeitos na dança.

Dança com Candelabro
De origem hebraica, posteriormente executada em todo o Oriente, expressa caráter de acentuada sacralidade. É executada em nascimentos, aniversários e casamentos. Simboliza sorte e felicidade.
Nos casamentos é comum ainda a bailarina sair liderando um cortejo em frente aos noivos. Simboliza, assim, a iluminação do caminho do casal.
Esta dança é a consagração da bailarina já no estado avançado do seu desenvolvimento pois, além de exigir técnica e equilíbrio, representa a iluminação do caminho e o estágio elevado.

Dança com Snujs
Estes festivais louvavam as Deusas que traziam fertilidade à Terra. Os snujs eram tocados para afastar os maus espíritos. A dançarina abençoa e purifica o ambiente onde estiver, através da melodia tocada.
Símbolos de metal de origem anterior às castanholas. Indicados para músicas alegres ou aceleradas com ritmos floreados e bem marcados.

Dança com Punhal
De origem turca e cigana, esta dança trabalha o espírito da luta pessoal e a aceitação dos desafios que a vida nos oferece, transcendendo a própria matéria. Para o povo cigano, é uma dança ritual de purificação, servindo também para afastar energias negativas. Tanto nas ciganas como nas mulheres da Turquia que serviam ao sultão, a dança guarda códigos de linguagem através da manipulação do punhal.

Dança da Espada
A justiça da visão pura, propiciando discernimento. A dançarina nesta etapa deve manter uma postura mental especial, pois o poder vibracional atribuído à espada pode "cortar" determinadas situações. Representa força, domínio e equilíbrio entre corpo e mente. As músicas mais apropriadas são instrumentais ou ritmos marcados que alternem trechos rápidos e lentos. O traje é o tradicional de dança do ventre com a inclusão de calça para se poder realizar movimentos no chão.

Dança da Serpente
Está ligada ao simbolismo do bem e do mal, o contraste entre o consciente e o inconsciente. Na Dança da Serpente, o profano e o sagrado são contemplados pela sua beleza. Ela representa a força e o poder de domar as dificuldades da vida, e manter o equilíbrio.

Dança com Pandeiro
Utilizado como acessório cênico pela bailarina. Podem ser feitos desenhos com o pandeiro ou marcações nas músicas, em geral alegres, ritmadas ou com solos de derbak. Usam-se roupas mais folclóricas, preferencialmente moedas.

Dança com Taças
São utilizadas duas tacinhas com velas acesas. Acredita-se ser uma variação criada no ocidente. É uma dança bastante misteriosa e geralmente usamos penumbra, músicas e movimentos lentos.
É uma dança que serve para purificar o ambiente.

Solo de Derback
Derback é o instrumento de percussão mais usado nas músicas árabes e um dos mais antigos. Com ele, encerram-se as festas árabes, e com as batidas em ressonância com o quadril é ativado o chakra básico.

Dança do Jarro
A dança do Jarro é uma celebração à alegria e simplicidade, dos tempos em que as mulheres dirigiam-se aos rios com grandes jarros de bronze ou barro, que depois de cheios levavam às casas este precioso elemento. Retrata também a importância que os povos árabes dão à água, elemento essencial à vida, extremamente valorizada pela sua escassez no deserto.

Dança do Cajado

Esta dança foi inspirada no TAHTIB, que é uma dança masculina, onde os dançarinos se enfeitavam como pavões e simulavam uma luta entre si, usando a dança para mostrar sua força e postura, e se desviavam dos golpes de acordo com o ritmo da música. Com sabedoria espiritual, ela direciona e mostra caminhos.


Simone Alves
Dançarina de dança do Ventre, Reikiana, Terapeuta Corporal/Facial, e desenvolve práticas e vivências no Sagrado Feminino
http://simonealves1111.blogspot.com

simone.alves1111@hotmail.com
PORTO ALEGRE/RS


Fotos: Karina Farias, clicada por Altair Castro (Topo e Taças), Cinara Klein (Espada) e arquivos Wikipedia

Mover-se dançando em direção à vida!!!

Criança pula, se atira no chão, planta bananeira. Adultos acham bonitinho mas não se permitem mais a essa mesma alegria. Preocupados com as ilusões do que seja ou não ridículo, estagnamos e mofamos. Perdemos vitalidade e flexibilidade. Estamos meio mortos mas Rute Rodrigues, psicóloga e focalizadora de biodanza, nos chama pra vida, contando que dançar é readquirir intimidade corporal, e esta é a grande chave mágica do movimento. Quando nos oportunizamos dançar em público, temos a chance de vencer as barreiras da identificação alheia, para sermos idênticos a nós mesmos e crescermos. E, quem sabe, juntarmos outros corajosos, outros inteiros para a dança da vida.

Algo que nos consome: a retidão dos corpos... nossa emoção congelada pelo privilégio do pensar, as marcas deixamos se endurecerem em nossa tensão corporal... quando fluímos, quando movemos em direção ao suave, ao tranqüilo? Ah, quando tentamos dormir? Mas aí estamos semi-parados! E, semi-parados, seguimos em cima de saltos altos ou engravatados, caminhando pelas ruas apressados em carregar este corpo que resolveu vir junto com a alma ao mundo. Ele vai como apêndice dos pensamentos, que nos carregam, geralmente, para longe dali. Ops, olha o carro, vira ali, entra adiante. Pausa para localizar-se. E, em seguida, voltamos a desligar os sentidos para ligar o mental.
Nossos corpos domesticados passam a reproduzir movimentos. Só o movimento aprendido e estandartizado é permitido. Não há permissão para pular, rodar, rodopiar, saltar, virar minhoca (movimento sinuoso). A pessoa se sente inadequada se não fizer o movimento padrão. Fica diante do ridículo. Criança até 5, 6 anos, não sabe o que é isso. Ela corre e pula se quer. Bate pés, se sacode quando ouve música que gosta. Ri de rolar no chão. Ah, rola no chão. Planta bananeira para experimentar ver o mundo de outras maneiras. Se joga no chão, e curiosamente não se machuca, sabe cair. Achamos lindos, nós, os adultos... mas criança pode, adulto não pode, é ridículo. Às crianças estão permitidas as vivências. O movimento surge da interação espontânea, longe dos conceitos entre certo e errado, ou bonito e feio - que a noção moral carrega e nomeia de ridículo. O julgamento do ridículo é uma prisão, algema da alma. Tanto faz se somos nós ou os outros que julgam.

Nossas cadeias são fortalecidas pela culpa e pelo medo de inadequação que o ridículo nos oferece. Seguimos acomodados sem abrir mão de ultrapassá-lo e alcançar algum tipo de êxtase no movimento. Permanecemos reproduzindo movimentos que vão perdendo sentido, alimentando mal-estar sem ao menos saber que ali ele está localizado... mas não nos soltamos, não nos permitirmos. Talvez nem passe pela cabeça, que ironia!

Prazer? Às vezes - E ficamos ali - "Todo dia ela faz tudo sempre igual..." - presos nas nossas pseudocertezas corporais. Perdemos-nos da inteireza, pois vamos vivendo separados, a cabeça ordenando o organismo, esquecendo que cabeça é organismo e este, parado, adoece. A vitalidade vai embora, a pulsação fica restrita a comer e dormir. Prazer? Às vezes sexual e digo, genital, pois tão localizado, o organismo tão estratificado que os genitais ficam super responsáveis pelo prazer, e por vezes até "falham" diante de tanta pressão. Sem dançar, sem mover, perdemos a intimidade com nossa localização material, orgânica. Perdemos em intimidade conosco. Perdemos a amplidão espacial. Dançar é readquirir intimidade corporal. É deixar de ir onde a cabeça quer, e ir onde o movimento nos leva a partir da integração ouvir o som/sentir/e agir. É transformar-se na música, perder limites, é entrega. Dançar é co-criação: música e movimento autêntico, unitário, identificador. Tem a coreografia, legal. Mas e o teu movimento, a tua expressão, qual é? Qual a permissão que você oferece para sentir mais, mover-se seguindo a intuição entre som e gesto? Aí vamos além, aí nos experimentamos profundamente em liberdade, sem amarras.
Dançar perdendo-se na música é a grande possibilidade de se encontrar, consigo, com a vitalidade, com o pulsar do coração... imagine, ouvir o coração, ouvir um novo som que sai de dentro da gente, mas que estamos surdos se ele não se acelera. Criar uma nova dança que quebre o ritmo da repetição maquinal sem fim e reestabeleça novos ritmos, orgânicos. Não precisa ser algo explosivo, se bem que também pode ser. Podem ser movimentos lentos, tônicos, suaves e redondos. E ali, na tranqüilidade do gesto, podemos sim ouvir nosso pulsar, nosso organismo, nosso ser, informando: estou vivo!
Se precisamos estar trancados no banheiro para fazer caretas, dançar e cantar. Se reservamos ao chuveiro nosso momento de ser. Se precisamos da licença do privado que nos afasta do olhar do outro, que traduz nosso próprio olhar. Se ainda estamos com vergonha de nós mesmos, ok! Vale o exercício. Mas quando nos oportunizamos dançar em público, quando nos arriscamos a compartilhar nosso movimento ao olhar alheio, temos a chance de vencermos o ridículo. De vencermos as barreiras da identificação alheia, para sermos idênticos a nós mesmos e crescermos. E, quem sabe, juntarmos outros corajosos, outros inteiros para a dança da vida.


Rute Rodrigues
Psicóloga, Esp. Arteterapia, Biodanza, Esp.Terapia de Famílias e Casais, Dinâmica dos Grupos, Ludoterapia.
Atende em consultório clínico e desenvolve atividades em grupos para pessoas em busca de melhor qualidade de vida afetiva.
rutepoa@terra.com.br
PORTO ALEGRE/RS

Foto: Stella Brazil, clicada por Clau Fogolin; ambos fotógrafos de Maringá, PR
http://www.flickr.com/photos/stella_foto
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Dançar conectada é estar em casa

Dançar em público é uma energia. Dançar só, apenas você e mais ninguém, é outra. Distante das platéias e dos olhares, quando você se permite deixar de pensar em técnica, quando se esvazia e não pensa em absolutamente nada, então você flui e passa a dançar conectada com o cosmo.
Carla Lampert, focalizadora, bailarina e professo
ra de dança do ventre com ênfase no Feminino Sagrado, pode nos falar com autoridade sobre o tema. Ela nos conta que "dançar pensando não nos conecta com nada, dançar preocupada com a técnica não traz nenhum prazer e pode ser até torturante. É preciso dançar em paz, com entrega, é preciso SER a dança e amar a dança em si e não as suas vantagens". Carla também afirma que este gênero de dança envolve uma sensualidade tão profunda que ultrapassa o conceito comum a respeito pois vem de uma energia sexual profunda, a energia kundalínica, através da qual podemos abrir nossa conexão com o espírito e é aí que toda a magia acontece.

Aprendi há muito tempo e de uma forma misteriosa que dançar é estar no universo, entre as estrelas e, ao mesmo tempo, voar para dentro de mim mesma e encontrar a divindade em mim.
Minha deusa interior costuma se manifestar em minhas danças, e mais profundamente naquelas que realizo só, longe das platéias e dos olhares, quando posso deixar de pensar em técnica e dançar conectada, pensando em nada, viajando para dentro de mim enquanto meu corpo acompanha a música. Mas já dancei neste estado de conexão também em público algumas vezes e foram experiências inesquecíveis, é como realmente estar em casa, na casa da alma....
Não sei explicar intelectualmente qual é a magia da dança, mas há algo de alquímico no dançar que faz com que meu corpo, minha alma e minha mente estejam em perfeita harmonia. Durante qualquer atividade humana um deles sempre vai predominar e quase sempre a mente quer estar no comando do corpo e dos sentimentos; porém, quando danço, toda essa disputa interna silencia, é como se cada um fosse para o seu canto e um enorme espaço vazio se abrisse para a alma entrar ali. É quando chego nesse ponto que danço plenamente. Todas as vozes internas se acalmam e a dança flui sempre intensamente. O corpo se dissolve na alma e a alma se dissolve no corpo, e uma maravilhosa sensação de alegria reverbera.
Dançando para si mesma, uma mulher pode se permitir ser sensual para si própria, admirar-se e ter orgulho de seu corpo de mulher, sentir de perto seu poder, suas raízes ligadas a todas as deusas. Pode brincar com a sua sensualidade e se libertar de qualquer repressão sexual, descobrir sua sexualidade, entendê-la, respeitá-la e descobrir como é bom estar junto de si mesma, junto de seu próprio corpo e da sua capacidade de sentir prazer. Simplesmente é o arquétipo da Deusa Afrodite que entra em cena, saindo da sombra dos sentimentos e impulsos reprimidos, trazendo a magia do amor por si mesma e a capacidade de se relacionar, a criatividade e a fluidez.

A dança do ventre envolve uma sensualidade tão profunda que ultrapassa o próprio conceito comum de sensualidade pois vem de uma energia sexual profunda, a energia kundalínica. Esta energia quando e se bem canalizada pode abrir nossa conexão com o espírito e é aí que toda a magia acontece, é aí que toda a fusão se dá, o coração e o corpo conectados, a energia fluindo entre os dois criando um verdadeiro movimento, uma verdadeira força.

Dançar pensando não nos conecta com nada, dançar preocupada com a técnica não traz nenhum prazer e pode ser até torturante. É preciso dançar em paz, com entrega, é preciso SER a dança e amar a dança em si e não as suas vantagens. A dança do ventre pode e deve ser um canal de conexão da mulher com a sua Deusa Interior, o que não significa fazer da dança uma arma de sedução ou com propósitos egóicos, pelo contrário, quem dança com este propósito não sai do chão.
Como eu gosto de voar entre as estrelas, me desapego de qualquer vantagem ou resultado da dança e aproveito tudo que ela traz de mágico e transcendente para mim, a possibilidade de manifestar a Deusa, de sentir uma forma de êxtase e de estar no melhor lugar do mundo - dentro de mim mesma.

Carla Lampert
Focalizadora do Magdala Círculo Feminino Essencial, Bailarina e Professora de Dança do Ventre com ênfase no Feminino Sagrado, e Relações Públicas
PORTO ALEGRE/RS



Fotos: Arquivo pessoal

A dança nos desnuda e abre ao mundo

Ao longo da vida, nossas mágoas se acumulam não apenas na alma mas também no corpo, criando couraças, tumores. Por séculos, o Feminino carregou em seus quadris o peso de repressões e culpas, mutilando, encolhendo e esquecendo sua verdade.
Mas o reencontro com seu sagrado e sua força mais essencial é um chamado que se aproxima crescentemente da mulher moderna, e se constitui numa chave definitivamente transformadora. Um dos meios mais eficientes e agradáveis dessa transição é a dança, como nos conta a experiente dançarina e professora Shakty Shala. "A dança nos desnuda e abre ao mundo, nos conforta e ampara, pois é livre de dogmas e de mentiras", afirma. Acompanhe.


Durante a vida, passamos por tristes situações que não julgamos tão importantes assim, nem percebemos seu efeito sobre nós. Mas, com o tempo, elas se acumulam no corpo, na alma, e ficam estagnadas, criando couraças, tumores.
Ao longo de muitos anos, o feminino acumulou muitos males e carregou em seus quadris o peso de repressões e culpas, se escondendo, mutilando, encolhendo, submetendo e esquecendo sua verdade.
É o momento de indagar: o que escondo, engulo e quem sou. Você lembra quem é?!

Será que toda força e poder do feminino foram queimados na fogueira? Comprimidos entre espartilhos? Encoberto por burkas ou mutilado? Ocultado atrás de implantes de silicones e plásticas? A força e o poder, necessários para nos livrar deste tributo, habitam em nós, mas precisamos de uma outra força impulsionadora que pode surgir de muitas maneiras em nossa vida: como um insight, um sonho, o convite de uma amiga, uma revolta contra o sistema, uma perda trágica, entre tantas outras possibilidades.

Mas, em algum momento de nosso confuso e caótico cotidiano, esse fator desencadeante se apresenta, e pode causar grandes transformações, mudar nossa perspectiva e abrir inúmeros caminhos.
Só então nos deparamos com quem somos, ou com o grande vazio de não mais reconhecer a si mesma; ou ao sagrado dentro de nós e a necessidade de vivê-lo; o quanto esse corpo nos é tão útil, mesmo não sendo tudo o que os outros esperam dele. Mas, ainda assim, é meu corpo, e é esse corpo que carrega os filhos no ventre, os alimenta, dá prazer ao meu amante, se renova todo mês e me conecta com o poder da Lua, esse corpo me proporciona ser quem sou, ele me liga ao mundo e me comunica com o todo.
Quando nos permitimos reconquistar esse feminino, que sente, se manifesta, sofre, ama, cuida, provém, sonha, se interioriza, e cria, também libertamos os homens, e permitimos a eles o direito de reconquistar o seu feminino sagrado, no qual é possível sentir, chorar, amar e sonhar, sem ser julgado - tornando muito mais harmônica e construtiva a vida de casal. Também voltamos o olhar para a Terra e vemos a necessidade de cuidar do mundo, tendo mais amor e cuidado com os animais e a natureza.

Algo além do entretenimento - Uma das formas mais prazerosas e tranqüilas de descobrir e fazer essa transição é através da dança. A dança nos desnuda e abre ao mundo, nos conforta e ampara, pois é livre de dogmas e de mentiras.
Desenvolvo um trabalho com grupos de mulheres que busca na dança algo além do entretenimento: busca o sentido pessoal da dança, a expressão dos sentimentos, os arquétipos do universo que nela podem se manifestar para serem trabalhados.
As danças ritualísticas e ancestrais - e suas melodias - trazem intrinsecamente um grande poder de nos mover no tempo e mexer com emoções aprisionadas. Associadas a nossos chakras e seus elementos, podem romper barreiras corporais e psíquicas, fazendo a energia fluir de novo dentro de nós, sem obstáculos, em uma conexão entre o sentir e o ser que atinge o equilíbrio.

Trabalhando em grupo, as trocas são constantes, as mulheres que compartilham do mesmo processo se conhecem, se compreendem e se respeitam, mudando sua forma de olhar as outras e rompendo julgamentos e desrespeitos com outras mulheres - ato machista que ainda cometemos atualmente.

Através de leituras, debates e explanações sobre textos ligados ao Feminino, e seu sagrado mitológico, descobrimos mais sobre nós e tudo que permeia nosso universo e inconsciente coletivo. Ao entrar em contato com as Deusas interiorizadas, descobrimos que todas somos faces da Deusa em suas infinitas manifestações.
Este trabalho mescla fusões de diversas danças canalizadas para harmonização e cura do Ser, a retirada de couraças e amarras do corpo e da alma. Para resgatar o trabalho manual, os próprios figurinos são tecidos e criados por nós.
Ao trabalhar com um grupo de mulheres em São Paulo, e outro desde 2004 no Rio, percebo que, uma vez aberta a caixa de Pandora, o caminho segue continuamente. Acompanhei muitas mudanças e descobertas, processos de desconstrução e reconstrução, dolorosos ou não, eles simplesmente acontecem quando as alunas optam por esta busca individual para encontrar seu eu perdido.
Este trabalho busca o despertar do divino em cada mulher, criando e reconhecendo a dimensão sagrada inserida no cotidiano, buscando o equilíbrio e autoconhecimento, fortalecendo os aspectos femininos em nosso Ser, através do conhecimento corpóreo, emocional e espiritual, harmonizando nosso Ser em comunhão com a Terra.

Gleice Lemos Frioli (Shakty Shala)
Dedica-se ao estudo de danças há 25 anos, e dança oriental há 14 anos, e é criadora do trabalho Dança do Sagrado Feminino. Estuda o sagrado feminino desde 1994 e aplica-o em suas aulas e danças. Seu trabalho é direcionado ao fusionamento de danças com dança oriental, explorando o universo dessa arte através dos arquétipos femininos para promover o encontro da totalidade do feminino com seu corpo em suas mais amplas expressões. Atua no Rio de Janeiro e São Paulo.
www.dancadosagradofeminino.com
shaktyshala@gmail.com

RIO DE JANEIRO/RJ

Fotos: Arquivo pessoal