Cada uma com sua história...




Casos e casos. Depoimentos curtos contam como
as mulheres se relacionam com a dança e como, através dela, se transformam enquanto criaturas.




"Foi questão de segundos pra me sentir no céu"
Embora gostasse de dançar desde menina, Daiana Gonçalves encontrou a dança do ventre há poucos meses. Mas foi uma revelação! Pela dança, aos poucos, sentiu curar seu coração magoado e sua mente estressada. No começo, sentia muitas dores pelo corpo, chegou até a pensar em desistir do curso, mas avançou e, ao pisar pela primeira vez num palco, foi questão de segundos pra se sentir no céu.... Encontrou um encantado caminho de cura. E ganhou um olhar que não conhecia.

A dança me mostrou o caminho para a cura, a dança é realmente uma celebração à vida.
Quando danço, me olho no espelho, olho bem em meus olhos e vejo neles um brilho maravilhoso, é um olhar que eu não conhecia, um olhar feliz, um olhar cheio de magia, doce e poderoso, um olhar que me mostra o quanto posso ser feliz... Não sei explicar exatamente o poder desse olhar, só sei que foi pela dança que eu o descobri... o olhar...
Quando danço, deixo a música me levar e me sinto uma deusa. Hoje aprendi a ouvir a música e sentir o corpo bailando ao ritmo do som, é realmente uma experiência mágica.
Sempre adorei dançar, desde criança, mas nunca tive a oportunidade, quando comecei a fazer as aulas de dança do ventre o meu corpo doía, cheguei a pensar em parar o curso. Mas hoje não paro de dançar, quando terminam as aulas estou com o corpo e a alma levitando, a música tocando na alma...

A dança mudou muita coisa em mim, com ela saí do fundo do poço no qual eu me sentia a pior pessoa do mundo, feia, magrela, incapaz de tudo, e a dança do ventre me mostrou que sou capaz de tudo a que me dedicar e que sou uma mulher poderosa. Curei o meu coração magoado e minha mente estressada.

A dança me permitiu enfrentar dificuldades internas. Às vezes, fico aqui pensando que as pessoas podem achar que estou sendo pretensiosa em falar que a dança cura, mas posso afirmar com todas as palavras que sim, ela cura!
Minha primeira apresentação foi dia 13/12/08, subir naquele palco foi superar vários medos, mas não era medo do palco e público, era um medo pior, pois eu não acreditava na minha capacidade, tinha um medo terrível... Subir naquele palco foi uma energia única... Mas foi questão de segundos pra me sentir no céu.
Hoje danço nas aulas, no meu quarto, e quando estou sozinha eu começo a dançar, fecho os olhos e deixo o som me levar, solto o corpo, os movimentos surgem como se eu estivesse apenas recordando... é mágico, é divino.
Tudo que passei na infância, na minha vida até hoje, tudo que me fez sofrer, que de alguma maneira me fez querer ir embora dessa vida, tudo isso estou superando: a dança foi o caminho para a cura dessas feridas. Hoje sou uma mulher com muitaaaa vontade de viver e ser mais feliz ainda. Sou uma deusa e me honro em ser mulher.

Daiana Gonçalves
Vendedora, artesã e dançarina
daigoncalvesdai@hotmail.com
ARAÇATUBA/SP



Lari... Lará...
A alegria e a flexibilidade de Larissa Hohl nos chamaram a atenção. Cursando Educação Física e competindo em Ginástica Rítmica, ela já conheceu jazz, dança latina, de salão, e chegou até a formar um grupo de Black/Street Dance, com direito a apresentação na MTV na época. Ela também conta que toda mulher tem que experimentar algum tipo de dança, pelo menos uma vez, para comprovar sua magia. Mas a alegria dessa moça é demais. Larissa... Lari Lará...

Na verdade, nunca fiz curso de dança, eu faço Ginástica Rítmica. Mas, desde que me tenho por pessoa, sempre fui atraída pela dança. Quando tinha mais ou menos uns seis ou sete anos, eu queria fazer Jazz e Ginástica Rítmica mas minha mãe trabalhava e era complicado para ela me levar nos ensaios de Jazz. Já a Ginástica Rítmica consegui pois era no meu colégio, o que facilitou bastante. E eu vejo a GR muito mais do que só um esporte, pra mim é uma dança, e acho que é por isso que gosto tanto!
Quando comecei a freqüentar academia, em 2007, fiz aulas de Street Dance e de ritmos latinos misturados com Hip Hop, uma delícia! Adorava os passos. Além de estar fazendo uma atividade física, que cansava e até suava, era algo prazeroso. Depois ainda formei um grupo de dança, de Black/Street Dance. Chegamos até a nos apresentar na MTV na época. Foi muito bom. No começo deste ano, comecei também a fazer Dança de Salão com meus pais e gostei demais!
Para mim, a dança é muito mais do que uma forma de perder calorias, como muitas mulheres a veem. Não sei explicar direito, mas a dança me traz muito prazer. Quando danço, me sinto outra pessoa. É como se eu esquecesse da vida, dos problemas e me tornasse alguém melhor... me sinto até mais bonita e sensual! Mas o sentimento em si é inexplicável, no meu caso é de paixão mesmo!
Um dia, treinando para uma competição, me machuquei. Fiquei um mês de gesso e muletas. O mês mais longo da minha vida! Acho que nunca tinha sentido tão infeliz. Não podia fazer nada! Não podia correr (nem sequer andar sem muletas), não podia dançar nem fazer minhas ginásticas... Ficava sempre deitada ou sentada. Foi péssimo!
Por tudo isso, acho que toda mulher tem que experimentar algum tipo de dança, pelo menos uma vez! Com certeza você encontrará o ritmo que mais combine com você e aí, sim, vai entender o que eu disse!

Larissa Hohl
Cursando Educação Física
lala_hohl@hotmail.com
SÃO PAULO/SP



Contraste entre universidade e a dança popular
Cristina Sanches curso teatro e participa de grupos de dança de salão e da Nação de Maracatu de Florianópolis. Aqui, ela mostra o contraste entre a "calma" e a reflexão do ambiente universitário - onde dança contemporânea é a base para estudos sobre o movimento - e a vivacidade e espontaneidade de uma dança popular vivenciada nas ruas.

A dança transcende a vida. Ela nos leva a sentir e pensar nosso corpo, de diversas formas. Quando utilizo as técnicas corporais e a dança na universidade de artes cênicas que curso, me traz uma impressão diferente da dança louca da nação de maracatu que participo.
Na universidade usamos mais danças contemporâneas e temos diversos estudos sobre o movimento, sobre o gesto. Estudamos cada passo e cada intenção. Criamos partituras corporais, inspiradas em poemas, imagens, sons ou o silêncio. Lemos muito e discutimos toda movimentação, tendo claro tempo para nos soltar na dança livremente, mas sempre com a consciência corporal e espacial.
Na nação de maracatu, uma dança da realeza de Pernambuco onde participo há 3 anos, é diferente. A dança é levada na batida do tambor, e cada instrumento nos indica a movimentação. A batida grave da alfaia nos dá o movimento dos braços, tão importante no maractu.
Aqui em Florianópolis também mantemos as tradições do maracatu. A mexida do Abê nos move os ombros, o agudo do gongué leva nossas mãos para o alto, em representação de reis. Só a caixa nos faz quebrar os quadris, tão pouco utilizados na dança do maracatu. A dança tem seus passos, os instrumentos têm sua parte do corpo consciente, e, embora a dança pareça ser muito mais solta e livre por ser uma dança popular, também traz uma conscientização de corpo e espaço, tanto para si quanto para o grupo de dançarinos.
Enfim, dançar é uma arte incrível, que nos leva a pensamentos e meditações sem fim, nos prepara o corpo para a agilidade da vida moderna, e, ao mesmo tempo, nos traz paz.

Cristina Sanches
Faz teatro desde 1994, dá aulas de teatro e dança desde 2003. Atua em peças teatrais, filmes, performances e apresentações de rua. No momento, cursa Bacharelado e Licenciatura em Teatro na Universidade do Estado de Santa Catarina. Participa de grupos de dança de salão e da Nação de Maracatu de Florianópolis Arrasta Ilha. Pesquisa teatro na comunidade e artes integradas.
cris.miss@gmail.com
FLORIANÓPOLIS/SC



Sensações indescritíveis!
A dançarina e terapeuta Simone Alves procurou a dança do ventre para estudar sensualidade mas descobriu muito mais: uma revolução pessoal e um novo estilo de vida. Além de perder a vergonha e se desligar dos preconceitos, encontrou-se também com sua espiritualidade mais profunda.

A dança modificou minha vida pois, no início, o interesse era somente despertar minha sensualidade através dos gestos sutis que o estudo oferece, logo depois percebi que era muito mais do que isso: era uma arte, um estilo de vida!
Sempre gostei muito de dançar todos os ritmos, mas a dança do ventre é algo especial porque, quando dançamos, entramos em conexão com algo bem sagrado: com nossa Deusa interior. Isto desperta sensações indescritíveis, a energia flui a cada movimento, à cada batida de coração e nos envolve numa energia maior.
Mas, pra mim, o mais importante é gostar do que se faz, ter vontade de aprender cada passo e se entregar aos movimentos, é preciso focar em si mesma como Mulher e esquecer os preconceitos de ser baixinha ou alta, gordinha ou magrinha, nova ou velha, o que importa é seu EU Interior se manifestando sem vergonha. Creio que não podemos perpetuar a imagem vigente na nossa cultura do corpo exclusivamente como escultura, não é essa a sua finalidade, mas é a de proteger, conter, apoiar e atiçar o espírito e alma em seu interior, nos elevar e nos impulsionar, nos impregnar de sensações para provar que existimos, que estamos aqui, para nos dar uma ligação com o Universo...
No momento em que a gente perde a vergonha e se desliga dos preconceitos, tudo muda, nos sentimos mais seguras, mais autoconfiantes, com a auto-estima lá em cima, e então começamos a nos aceitar do jeito que somos sem nos preocupar com que os outros pensam ou dizem.
Eu adoro! A dança me inspira!

Simone Alves
Dançarina de dança do Ventre, Terapeuta Corporal e Facial
http://simonealves1111.blogspot.com
simone.alves1111@hotmail.com
PORTO ALEGRE/RS


A dança da transformação e da libertação
Najla é bailarina, coreógrafa e professora de dança do ventre. A cada dia tem uma nova surpresa, descobre outro benefício que a dança gera. Em suas aulas, em didática que desenvolveu em muitos anos de experiência, ela mostra que qualquer mulher tem seu espaço dentro da dança, que todas são capazes de aprendê-la e se transformarem verdadeiramente como pessoas.

A cada dia, descubro mais algum benefício da dança do ventre. Há quinze anos, iniciei meus estudos na dança mas nunca imaginei como isso iria me transformar e transformar as pessoas que tive oportunidade de ensinar.
Por isso, hoje não sinto nenhuma objeção em dizer que a dança do ventre é a dança da transformação e da libertação. Foi realmente criada por mulheres muito sábias com objetivos bem maiores do que possamos imaginar. Se eu fosse aqui relatar todos os casos de alunas que, de alguma forma, se beneficiaram com a dança, daria para escrever um livro.
Que dança é essa que faz com que nos tornemos outras mulheres? Faz com que resgatemos a nossa essência, que recriemos o universo? Que faz com que nossas neuroses, depressões, defeitos, TPMs, etc... simplesmente se dissipem feito fumaça?
E, então, de repente sabemos que somos Deusas. Sentimos o nosso poder, a nossa beleza, a nossa riqueza interior. Tomamos contato com o nosso melhor, que sempre esteve lá, adormecido, e através dos movimentos e filosofia da dança acordamos aquela mulher, menina e deusa! Acordamos o mais puro amor dentro de nós e passamos a transmiti-lo primeiro para nós mesmas e depois para o mundo. Amor esse que todos os seres carregam dentro de si, mas que muitas vezes passa pela vida adormecido. Este amor adormecido é que nos torna infelizes.
Para exercitar o Amor, Deus nos fez mães, curandeiras e conselheiras. Precisamos transmiti-lo e a dança nos ajuda nisso. Primeiramente através do auto-conhecimento, resgata nossa auto-estima e feminilidade para depois mostrar ao mundo toda a nossa beleza, alegria e amor.
Dançar é meditar! É uma oração, uma celebração. É superar limites e criar. É VIVER E SER FELIZ !

Najla Nuria
Najla é bailarina, coreógrafa e professora de dança do ventre, além de terapeuta holística e instrutora de ioga. Iniciou seus estudos em dança do ventre em 1993 e dá aulas desde 1995. Estudou dança em São Paulo com Najua, Lulu Sabongi, Shams e Soraia Zaied. Coordenadora do Studio Najla Dança do Ventre.
http://www.najladancadoventre.com/
rosiandre@yahoo.com.br
ARAÇATUBA/SP



A dança em verso
A escritora Carolina Salcides reforça o que foi dito até aqui, mas em tom poético, como é sua marca. Deixa um recado também, encerrando esse nosso aceno reverencial ao sagrado poder mágico de toda fêmea.

Dançar para mim é como respirar: me renova, me mantém viva. Danço nem que seja arrumando a casa. Preciso sacudir minhas células, fazer com que elas vibrem e, assim, todo meu corpo e alma se equilibram. Se não dançar, viro outra mulher: uma mulher mal-humorada, sufocada e sem brilho. Preciso dançar para mim, para os outros, para a vida. Dançar alegra, embeleza e liberta. Como viver sem isso?
Acredito que a mulher que descobre o prazer da dança descobre a si própria. Ela reencontra suas mulheres passadas, sua Deusa, seu poder. A dança do ventre me passa isso, ela é a mais feminina e sensual de todas as danças, celebramos a espiritualidade e a força feminina, transmitimos beleza e liberdade por meio de nossa expressão particular.
Dançar é expressar-se, conhecer-se e permitir-se. E aquela que se conhece encontra sua luz, equilibra seus ritmos, comanda sua vida e guia seu destino.


DANÇA DAS DEUSAS

Danço para mim mesma
Danço com minha'lma
Danço para celebrar a vida
Que através de mim se espalha

Exalto as Deusas
Movo a terra
Espalho vida, dança
Alegria, esperança
Desperto o encanto
E fascínio a todo canto
Provoco mistério
Te tiro do sério

Porque a arte, a magia e o mistério
Escondem-se sob minha saia
Mostram-se na minha dança
Que traduz minha essência
Minha ânsia de vida e beleza

Porque danço com as Deusas
Danço com as luas
Como as ondas dançam no mar
Como as nuvens que se exibem no ar
Assim a dança me faz...
Faz exalar-me como as flores
Faz-me bela como os amores...

TEU VENTRE

Ventre, alicerce de teu corpo.
Foco total de tua dança.
Trabalhas com o quadril
E moves todas energias que te circundam.

Teu ventre é o alto e o baixo.
Morte, vida renascimento.
É o pai e a mãe.
Centro do universo
Teu ventre é movimento.

Ventre sagrado.
Centro de tuas emoções...
Ventre do desafio
De tuas sensações em relação à vida.

Teu ventre é tua força, mulher!
Descubra essa força.
Movimenta-te
E descubra lugares antes adormecidos...

Pois a dança ativa tuas células
A dança te impulsiona
A conhecer lugares dentro de ti
Os mais sutis lugares...
Descubra-te mulher!


Carolina Salcides
Escritora, Webdesigner, Decoradora de Interiores e Artesã
http://www.carolinasalcides.com.br/
kasalcides@yahoo.com.br
PORTO ALEGRE/RS




Fotos desta página: Arquivo pessoal das colaboradoras

2 comentários:

  1. Patricia (Aaliyah Hassinna9 de abril de 2009 às 11:16

    O que falar a respeito de simone Alves, apenas que ela é uma pessoa maravilhosa e especial, parabéns garota, vc merece mil bjos

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  2. Simone Alves, uma bela mulher, maravilhosa dançarina e uma doce pessoa... Força!!! Um Grande Abraço!!

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