Mandala de Tara: dançando por um mês o sentido de humanidade

Fundamentada em práticas tradicionais tibetanas, a Mandala de Tara funciona como meditação em movimento e é considerada uma grande bênção por muitos lamas. Baseando-se no culto a uma antiga princesa e seus 21 atributos, os praticantes formam uma mandala viva e dançam cada virtude num ciclo que dura um mês. Em coreografias belíssimas, os movimentos são simples, não exigem técnica apurada e vêm inspirando em vários países aqueles que têm a oportunidade de ver, ouvir ou dançar o mais elevado sentimento de humanidade.
Quem nos fala a respeito é a bailarina Myriângela Naves, de Brasília, especializada em Mandala de Tara, Danças Circulares do Mundo e Danças da Paz. Ela conduziu oferendas públicas para grandes Rinpoches, Lamas, Kempo Katar e amigos em várias cidades, e coordena um espaço dedicado ao Sagrado Feminino e às danças, onde focaliza aulas regulares com grupos.


Para falar da Mandala de Tara, precisamos voltar no tempo e trazer a história desta princesa que, através da sua prática sincera, alcançou a iluminação para o beneficio de Todos. A origem do culto de Tara é relatada pelo famoso escritor e historiador medieval Taranatha, em seu livro de 1608, "A origem do tantra de Tara". Segundo ele, tudo se passou numa longínqua Era (ou eon). Um eon tem a duração do Universo.
Havia, pois, numa Era muito antiga, uma princesa chamada Lua de Sabedoria, que era discípula de um Buddha. Ela tinha tanta devoção por seu Guru que um dia cobriu o equivalente a 19.000m3 de preciosos oferecimentos para ele. Esta princesa atingiu as mais altas realizações espirituais, graças provavelmente à devoção que tinha a seu Guru. Por isso diz-se que o Guru é a fonte de todas as realizações.
Assim, alguém lhe disse que, como um dos muitos resultados de sua prática, ela ia renascer como homem. O nascer homem era considerado mais benéfico do que nascer mulher, pois assim poderia viver como iogue na floresta, ou numa gruta deserta, sem ser molestada. Mas a princesa não quis. Disse que havia muitos iluminados sob a forma masculina, e que ela queria tornar-se uma iluminada sob a forma feminina. Após uma longa meditação em retiro, ela atingiu o altíssimo estado de Anutpada (não origem), o mais elevado nível de meditação existente, quando podia ver o real estado da mente e os fenômenos como "incriados", sem início, sem limites.
A partir de então, passou a ser conhecida como Tara (Tare), ou Drolma, que quer dizer salvadora, ou aquela que libera. Tara é uma palavra sânscrita. Segundo a lenda, muito tempo depois, ela prometeu ao Buddha Amoghasidhi defender todos os seres na mais profunda vastidão das dez direções, passando a ter vários nomes, como imediata e heróica, até se tornar por sua atividade a corporificação de todos os Buddhas. A partir daí, se inicia o culto e prática de Tara como a ação concentrada de todos os Budas, ou seja, o culto da Mãe Tara (publicado no jornal Ganesha, sem autoria e atribuído a outra pessoa).
Através desta inspiração de caminhar junto à Grande Mãe, a Mandala de Tara, a Dança das 21 Taras foi criada com base nos ensinamentos budistas pela nossa mestra e praticante Prema Dasra. Tara Verde para melhor e mais rapidamente ajudar todos os seres, manifesta-se em 21 distintas emanações. A Dança das 21 Taras contém movimentos impregnados de delicadeza, alegria e profundos significados dos aspectos e atributos das 21 Taras. A coreografia é belíssima e fácil de dançar, e a música de Anahata Iradah nos conduz ao estado meditativo, facilitando as visualizações e a concentração na experiência.

Nesta meditação em movimento, formamos uma mandala, que é uma forma sagrada, dançando cada virtude como sendo Tara, e incorporamos a compaixão, a sabedoria e o poder da Deusa, dedicando toda a energia gerada nesta vivência ao benefício de todos os seres. Na dança do Mantra de Tara, aprendemos o poder da energia vibracional, que provoca um efeito positivo no mundo se combinado com uma mente concentrada e dedicada.
A dança é fundamentada em práticas tradicionais tibetanas e vem sendo apresentada em muitos lugares do mundo.
É considerada uma grande bênção por muitos lamas, incluindo sua S
antidade, o Dalai Lama.

Com movimentos simples, que não exigem técnica apurada, esta prática vem inspirando aqueles que têm a oportunidade de ver, ouvir ou dançar no sentido de manifestar o mais elevado sentimento de humanidade. O grupo desenvolve em partes todo este trabalho. Por um período de um mês, praticamos a Dança do Mantra e as 21 virtudes. Desta forma, gravamos os movimentos, podendo em seguida mergulhar na dança como meditação, como oração. Em seguida, vamos aprofundando a dança como uma prática para manifestar o nosso potencial iluminado, para ajudar os outros seres a manifestar o deles. A dança é um instrumento de transformação e de conscientização de um caminhar de vida.
Que todos os seres sejam felizes!
Que todos os seres sejam livres!

MyriDakini (Myriângela Naves)
Bailarina e atriz profissional, especialização em Mandala de Tara do budismo tibetano, Danças Circulares do Mundo e Danças da Paz. Participa de Vivências e Treinamentos das Danças no Brasil e Exterior.
Coordenadora Central de TARADHATU Sul America, professora nível 4 da Mandala de Tara, credenciada a fazer Oferenda Pública da Mandala de Tara.
Coordena também o espaço OM TARE, dedicado ao sagrado feminino e às danças, onde focaliza aulas regulares com grupos.
www.taradhatusulamerica.org
myriangela@gmail.com
BRASÍLIA/DF

Fotos: www.taradhatusulamerica.org

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