A experiência que toda mulher merece viver

A partir de suas vivências como bailarina e professora de dança do ventre, Sissi Mahira nos traz aqui um olhar voltado especificamente às emoções da experiência de dançar.
Ela nos conta que é diferente dançar para o companheiro, por exemplo, ou para sua própria família ou em palco. Mostra também como funcionam os pequenos detalhes de ampliação de consciência gerados a partir da dança do ventre: "Queremos estar sempre arrumadas, maquiadas e bonitas. Passamos a aceitar nossos defeitos e a conviver com eles de forma harmoniosa. O que incomodava tanto, agora é apenas um detalhe que quase passa despercebido". Assim, dançar é alcançar uma liberdade que, talvez, nunca tenhamos experimentado. Por isso, é a experiência que toda mulher merece viver.


É incrível como pequenas coisas que acontecem podem marcar nossa vida para sempre. Desde criança, tenho uma admiração por todas as coisas relacionadas ao Antigo Egito. Com a dança do ventre não seria diferente. Ela invadiu minha vida e me escolheu como sua mensageira.
Como bailarina e professora de dança do ventre, poderia falar a respeito da técnica, dos inúmeros benefícios à saúde ou das transformações físicas que essa arte provoca nas mulheres, mas prefiro abordar um aspecto que considero essencial: os sentimentos despertados e externados por ela.
Quando se dança, principalmente quando se é uma profissional, se está preocupada com mil coisas como, por exemplo, apuro técnico, estilo de dança, postura, atitude, expressão corporal, coreografia, imagem, destreza no uso de instrumentos e acessórios, etc. Essas preocupações vão se tornando menores com o passar do tempo e, com isso, abrem caminho para os sentimentos. É claro que eles mudam de acordo com cada pessoa. Também dependem de para quem se dança, seja a família, o namorado ou marido, as amigas ou a platéia de um teatro, sempre é uma experiência intensa, porque as emoções podem ser diferentes, mas o prazer de dançar é o mesmo.
O ato de dançar é realmente emocionante. Às vezes, por um breve momento, a bailarina vive uma conexão mágica com algo muito intenso. Pode ser com seu eu interior, já que se fica totalmente exposta, nua por dentro. Pode ser também com algo superior, ancestral, a própria feminilidade, o sagrado. O fato é que os sentimentos afloram e as barreiras desaparecem. A dança mexe muito conosco, mulheres. Marcas do passado retornam e o que queremos do futuro espreita à nossa espera.

Transformações físicas e psicológicas acontecem. Nossas visões se ampliam, as idéias se tornam mais flexíveis, a paciência e o discernimento aumentam e a consciência corporal é aguçada. Aquilo que satisfazia antes, não basta mais. Queremos sentir o que nunca sentimos, queremos experimentar, testar os limites, verdadeiramente nos conhecermos. Queremos estar sempre arrumadas, maquiadas e bonitas. Passamos a aceitar nossos defeitos e a conviver com eles de forma harmoniosa. O que incomodava tanto, agora é apenas um detalhe que quase passa despercebido.

Evidenciamos o que temos de melhor e não escondemos o que nos faz infeliz. A dança oferece a liberdade que, talvez, nunca tenhamos experimentado, não de forma tão plena. Dançar é ser livre, ao menos por um instante. É a terapia, a felicidade. Não há espaço para a falsidade, para a ilusão, para a vergonha. Tudo é real.
Assim nos sentimos, melhoramos por fora e por dentro. Somos o tudo e o nada ao mesmo tempo. O bem e o mal, o sagrado e o profano. Mas, sobretudo, possuímos o dom de encantar, de fazer mágica, desenhando a música com o corpo, se fazendo ouvir em cada gesto, falando em cada olhar, transmitindo o sentimento apenas com a sutileza da própria respiração. Para mim, essa é a essência da dança do ventre e a experiência que cada mulher merece viver.

Sissi Mahira
Bailarina profissional de dança do ventre, apresenta-se no Templo do Oriente Café & Arte e ministra aulas na Escola Templo do Oriente
sissimahira@gmail.com
PORTO ALEGRE/RS


Fotos: Arquivo pessoal

10 comentários:

  1. Sissi Mahira traduz com profundo sentimento e clareza o que as mulheres sentem quando se entregam com sua alma a dança.
    Seu relato nos revela toda sua personalidade e sensibilidade de mulher, e aflora sua alma.
    Quem ainda não teve o praze de lhe ver dançar, deve faze-lo imediatamente, pois só quem lhe admirar enquanto vive a plenitude de sua arte tera adquirido condições de entender e traduzir o que eu, e todas as pessoas que a viram dançar ja sentimos.
    um grande beijo e siga neste caminho iluminado que escolheu, siga sempre linda enchendo de alegria e prazer a quem tiver o privilegio de compartilhar da tua arte e da tua companhia.
    sucesso sempre.

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  2. Sissi Mahira traduz com profundo sentimento e clareza o que as mulheres sentem quando se entregam com sua alma a dança.
    Seu relato nos revela toda sua personalidade e sensibilidade de mulher, e aflora sua alma.
    Quem ainda não teve o prazer de lhe ver dançar, deve fazê-lo imediatamente, pois só quem lhe admirar enquanto vive a plenitude de sua arte terá adquirido condições de entender e traduzir o que eu, e todas as pessoas que a viram dançar já sentimos.
    Um grande beijo e siga neste caminho iluminado que escolheu, siga sempre linda enchendo de alegria e prazer a quem tiver o privilegio de compartilhar da tua arte e da tua companhia.
    Sucesso sempre.

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  3. Um texto que qualquer pessoa merece ler.
    Inteligente, emotivo, cativante e sincero.
    O depoimento pessoal da importância da arte da dança do ventre na vida da mulher enriquece ainda mais este artigo.
    Parabéns por conseguir transmitir de forma esplendorosa tuas opiniões!

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  4. Muito obrigada pelos comentários. Apenas expressei o que a dança do ventre fez por minha vida e como todas as mulheres deveriam sentir essa experiência maravilhosa!
    Bjs

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  5. Uhuuuu!!!! Profundo! Adorei!
    Si tô te devendo, eu sei... Mas a correria tá grande!!!!!!
    Assim que a poeira baixar vou te ver dançar, com certeza, ainda mais depois de ler teu texto! Fiquei com mais vontade ainda!
    Tenho recebido teus emails com convite, não deixa de convidar!!!

    Valeu, BEIJO!

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  6. Sissi
    Muito bacana o que você comentou.
    Que você possa sempre gerar benefício dançando e ensinando outras mulheres a dançar.
    :)

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  7. MarcioMix disse...

    A música em si já nos eleva a patamares elevados, a dança é a extensão e tradução desse sentimento mágico...qnto mais entrega vir dela, maior a energia q produzirá...
    Parabéns Sissi por estar fazendo isso de verdade, sentindo e vivendo isso no momento q está no palco ou em apresentação...

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  8. Mel, Lúcia e Márcio
    Tenho certeza que estou contribuindo, ao menos um pouquinho, para que as pessoas compreendam o verdadeiro sentido dessa arte tão fascinante que é a dança do vente. Obrigada pelo carinho. Vocês, como público, fazem a vontade de dançar se tornar ainda maior, o que é muuuuuuuuuito bom. Beijinhos.

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  9. Si, adorei! concordo em gênero e número! tá muito bem escrito!!! Fico muito orgulhosa de ti, amiga! Beijos

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  10. Obrigada pelo carinho, Fer. Sei que tu também te sentes assim amiga. Beijos

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