Do "isto não é para mim" à plenitude

Na primeira vez em que viu uma apresentação de dança do ventre num festival que acontece anualmente em Joinville, sua cidade, Rose Busko, 48 anos, mãe de dois filhos, pensou: "Isto não é para mim". Dois anos depois, agora ela está dançando com um grupo de amigas em plena maturidade, lindas, felizes com as descobertas de cada uma. "O que me encantou profundamente é a conexão com nossas almas", comenta. "É um trabalho de auto-reconhecimento e constatação de que tudo estava lá dentro, adormecido, apenas aguardando o tilintar mágico de um snuj para despertar para um mundo de ritmos e melodias apaixonantes". E Rose não deixa por menos. Convida: dancem, dancem muito!

"Isto não é para mim." Esse foi o primeiro pensamento ao ver uma apresentação de dança do ventre no Festival de Dança que acontece anualmente na minha cidade.
Percebo que o mesmo pensamento povoa a mente da maioria das mulheres de minha faixa etária.
Mergulhamos de cabeça nos afazeres domésticos, nos cuidados com filhos, na rotina do trabalho e, enquanto o tempo passa (e passa muito rápido), aos poucos vamos nos desconectando da nossa essência.
Quando uma amiga comentou sobre essa dança, não senti muita empolgação. Estava um pouco acima do peso e com a auto-estima um tanto baixa, porém a forma com que a professora abordava a dança me atraiu e, como sou muito curiosa, fui conferir.
Dois anos depois, cá estou, com um grupo de amigas em plena maturidade, lindas, dançando e felizes com as descobertas de cada uma.
O que me encantou profundamente - e o que vejo no grupo de amigas dançarinas - é a conexão com nossas almas. É redescobrir-se, resgatar a feminilidade dos movimentos, dos gestos. É um trabalho de auto-reconhecimento e constatação de que tudo estava lá dentro, adormecido, apenas aguardando o tilintar mágico de um snuj para despertar para um mundo de ritmos e melodias envolventes e apaixonantes.
A escolha de uma academia e uma professora que tenham essa proposta na dança é fundamental. Nem sempre se encontra com facilidade, mas que isso não seja motivo para desistência. Acredito que, quando estamos em sintonia correta, o universo responde. Um pouco de empenho e persistência ajudarão a encontrar as pessoas e os lugares ideais, comprometidos com a dança na sua essência sagrada.
Vibramos nessa sintonia e o universo nos enviou nossa linda professorinha, Sarah Sena, que, com doçura e respeito às limitações de cada uma, nos conduziu ao universo da dança do ventre. À ela, meu carinho e respeito eternos.

Percebemos que não é necessário um corpo escultural, que aquela barriguinha pode, sim, ser nossa aliada. Que o pneuzinho não tem a menor importância e nossas marcas contam a nossa história de geradoras de vida, que trazem novos seres à luz, os amamentam e os acalentam nas longas noites de vigília.
Cada aula é uma celebração à Deusa que habita em cada mulher. É um presente que damos a nós mesmas.
Cada reunião que fazemos acaba inevitavelmente em dança e alegria.

Desejo, sinceramente, que muitas outras mulheres em plena maturidade experimentem a dança, seja qual for a modalidade, mas dancem, dancem muito!
Dancem com sua essência, dancem com a sua alma e celebrem a beleza de ser o que são: Deusas - com toda a magia que a maturidade nos traz, com toda a sabedoria que a vida nos deu, com toda a graça e o poder de sermos mulheres.


Rose Busko
Fotógrafa, mãe de dois filhos, praticante de dança do ventre há dois anos
http://rosebusko.zip.net
bonassoli_1@hotmail.com
JOINVILLE/SC

Fotos: Arquivo pessoal